terça-feira, 27 de junho de 2017

8 péssimas decisões históricas motivadas por sexo

Entre paixões tórridas e aquelas que ficaram só na vontade, a história mostra que sexo já foi motivo para tudo

Como era o “batismo” de um membro da Ku Klux Klan?

Fundada em 1865, a Ku Klux Klan representava a repulsa aos negros e imigrantes. Era preciso ser branco.

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A Ku Klux Klan foi fundada em 1865 por oficiais do Exército Confederado revoltados com a abolição da escravidão nos EUA após o fim da Guerra Civil (saiba mais sobre seu surgimento). As duas palavras iniciais do nome da organização, “Ku Klux”, aparentemente vêm da palavra grega kyklos, que significa “círculo”. Já o termo “Klan” teria sido acrescentado para dar melhor sonoridade à expressão, além de fazer uma referência aos velhos clãs, grupos familiares tradicionais. O grupo ganhou força no sul do país nos anos 20. Este era o batismo de um novo membro

1) ORGULHO SULISTA

Até o fim da década de 20, alguns grupos da KKK empunhavam a bandeira do Exército Confederado (que, na Guerra Civil dos EUA, representou o sul do país, que ainda queria a escravidão). Era um ícone do ultranacionalismo e da repulsa aos negros e imigrantes

2) IRA INCENDIÁRIA

A cruz em chamas representava o fogo do Espírito Santo de Cristo, trazendo luz (literal e simbolicamente) ao evento. Um dos apoiadores da KKK, o reverendo William Joseph Simmons, dizia ter tido uma visão em que cavaleiros vestidos de branco cavalgavam a luz da cruz em chamas para libertar os EUA

3) EM NOME DE DEUS

Integrantes da Klan deviam ser cristãos protestantes (além de brancos e nascidos nos EUA). Uma Bíblia era usada no batismo. Eram lidos trechos do capítulo 12 do livro de Romanos e certos versículos eram repetidos em coro. Outra ligação com protestantes extremistas foi o apoio declarado do reverendo Simmons, em 1915

4) A PROMESSA

Chefe de cada distrito local da Klan, o Grande Titã, interrogava o novato. Este, por sua vez, tinha que recitar um juramento decorado (ecoado pelo resto do grupo): “Lembrem a todo o momento: fidelidade à fé jurada é honra, vida, felicidade. Mas, para quem infringi-la, significa vergonha, desgraça e morte”

5) HORA DO BANHO

O aspirante a soldado recebia um leve banho de água na cabeça e nos ombros. Quem realizava isso era o Grande Cíclope – o líder direto do batizado. Ele dizia: “Em mente, em corpo, em espírito e em vida”. Dali em diante, o iniciado fazia parte oficialmente da KKK

6) ESPÍRITOS DO MAL

As roupas eram brancas e “pontudas” para que os integrantes parecessem fantasmas de soldados confederados mortos durante a Guerra Civil. O emblema circular com a gota de sangue no formato do número 6 representava o derramamento do sangue ariano e os primeiros seis fundadores da organização

7) CUIDADO, CAIPIRA ARMADO

Essenciais na “caça” aos negros, as armas também estavam presentes no ritual, como símbolo de poder. Originalmente um grupo de ataque, a KKK só entrou na defensiva nos anos 30, quando perdeu a credibilidade após crises financeiras, processos criminais e brigas internas.

A Hierarquia da KKK



Cada cargo era eleito pelos líderes do nível abaixo. Após 1944, os títulos fantasiosos foram aposentados
Grande Mago – Responsável por toda a área de atuação da Klan
Grande Dragão – Comandantes dos “Reinos”, os estados dos EUA
Grande Titã – Cuidava dos Domínios, junções de três condados
Grande Gigante – Líder de uma Província, ou seja, um condado
Ciclopes, Mágicos e Monjes – Líderes “religiosos”, iniciavam novos membros
CONSULTORIA Clifford Andrew Welch, docente do curso de história da EFLCH/Unifesp Guarulhos, Mark Mirabello, professor de história na Shawnee State University, David Goldfield, professor de história na Universidade da Carolina do Norte, e Michael Newton, autor do livro The Ku Klux Klan: History, Organization, Language, Influence and Activities of America’s Most Notorious Secret Society
FONTES Livro Catalogue of Official Robes and Banners – Knights of the Ku Klux Klan (autor desconhecido); estudo Lynching in America: Confronting the Legacy of Racial Terror, da ONG Equal Justice Initiative

9 curiosidades sobre a Ku Klux Klan


A Ku Klux Klan foi uma milícia criminosa racista criada no sul dos EUA logo após a Guerra Civil Americana (1861-1865). O grupo formado por pessoas brancas reagiu à libertação dos escravos e a um projeto do governo chamado Reconstrução, que integraria os negros à sociedade. Responsável por massacres, estupros e linchamentos, entre outras atrocidades, a Klan passou por três fases históricas, todas repletas de ódio.
1. Em 1866, na pequena cidade de Pulaski, no Tennessee, seis amigos começaram a sair com lençóis brancos na cabeça durante a noite para pregar peças nos negros das fazendas locais. Com o tempo, as brincadeiras ganham contornos violentos e motivações políticas. Nascia ali a Ku Klux Klan, que emprestou do grego a palavra kuklos (círculo) e dos escoceses o termo klan (clã). Em um ano, eles atingem meio milhão de adeptos em diferentes cidades
2. O governo dos EUA deu à KKK o status de organização criminosa em 1870. Contudo, no sul, eles ganharam força devido a um conjunto de leis segregacionistas dos estados locais. Conhecidas como “Jim Crow” (personagem negro e bobo da cultura popular norte-americana), essas leis ditavam que ônibus, cinemas, restaurantes e outros estabelecimentos possuíssem assentos separados para negros. Quem não cumpria os limites era punido pelas autoridades, com a ajuda da Klan
3. Com a fuga de negros para outros estados, o grupo aumentou sua atuação pelo país. Uma primeira sede oficial foi aberta em Nashville sob a liderança de Nathan Bedford Forrest, o Grande Mago (ver abaixo). Toda a área de atuação era designada como Império. O que estava fora era chamado de “mundo alienado”. O look branco com chapéu pontudo remetia aos fantasmas dos soldados confederados mortos durante a Guerra Civil
4. Com o fim da Reconstrução em 1877, a KKK perdeu sua força inicial. Mas o declínio não apagou sua ideologia: alguns adeptos se envolveram com a política. Como resultado, cinco ex-presidentes dos EUA hoje são apontados como simpatizantes da organização: William McKinley (1897-1901), Woodrow Wilson (1912-1921), Warren G. Harding (1921-1923), Calvin Coolidge (1923-1929) e Harry S. Truman (1945-1953). O discurso racista de Woodrow ajudou a Klan a retomar suas atividades.
5. A “era de ouro” da KKK aconteceu entre 1914 e 1924. Com a 1a Guerra Mundial e a ida de europeus para os EUA, o grupo se reorganizou e aumentou a lista de inimigos. Judeus, católicos, imigrantes, comunistas e homossexuais se tornaram alvos. A estreia de O Nascimento de uma Nação, em 1915, exibido em sessão especial na Casa Branca, marcou a renovação do grupo. O filme colocava os negros como vilões e romantizava a KKK. Com apoio político, o grupo chegou a 5 milhões de membros
6. Explosões de bombas, linchamentos e enforcamentos em árvores eram as principais estratégias do grupo. Um dos momentos mais violentos foi o Massacre de Colfax, em 1873, quando uma manifestação do Partido Republicano (que era a favor de direitos políticos para os negros) terminou em uma guerra ao ar livre. Cerca de 200 pessoas morreram – 197 negros. Outro caso emblemático rolou em 1963, quando quatro meninas foram mortas por uma bomba em uma igreja batista no Alabama
7. A Grande Depressão, em 1929, levou ao segundo declínio da Klan. O enfraquecimento financeiro, causado pela evasão de membros, foi problemático. As muitas ações terroristas também ajudaram a desmoralizar o grupo. Com a chegada da 2ª Guerra Mundial, não faltaram comparações entre a milícia local e os nazistas. A KKK interrompeu as atividades em 1944
8. As décadas de 50 e 60 foram marcadas por uma onda de protestos e ações que pediam pelo fim do segregacionismo no sul dos EUA. A luta dos negros fez renascer a Ku Klux Klan em versão ainda mais assustadora. Em contrapartida, o ativismo negro ganhou a atenção da imprensa, mudou a opinião pública a motivou o presidente Lyndon Johnson a aprovar a lei dos Direitos Civis, em 1964. As leis “Jim Crow”, após quase 90 anos ativas, caíram em 1965. A KKK como era conhecida acabou em 1981
9. Atualmente, o grupo ainda sobrevive, com ações menos significativas. Estima-se que existam 190 grupos derivados em atividade nos EUA – em 1990, eram só 28. Possuem um jornal oficial e alguns membros envolvidos na política. Como o nome é de domínio público, outros grupos de ódio se apropriam dele pelo mundo, caso dos Klans Imperiais do Brasil, que rechaçam negros, gays, muçulmanos e nordestinos