
Pensamento do dia: A verdadeira medida de um homem não se vê na forma como se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas em como se mantém em tempos de controvérsia e desafio.
Martin Luther
King
Nova
eleição, nova legislação
Olá meus amigos de Brejo da Madre de
Deus, olha que novidade: eleições de 2016 terão novas regras na legislação
eleitoral. A primeira eleição que tenho lembrança de ter acompanhado, ainda
criança, com um pouco de entendimento foi a de 1988, de lá para cá sempre
procuro observar as mudanças na lei, a propaganda, o discurso de cada
candidato, as estratégias de cada um, os resultados, enfim, o processo
eleitoral.
Nunca vi uma eleição acontecer com a mesma regra do pleito anterior.
Só para citar as grandes mudanças nas eleições municipais, em 1988 tivemos a
redução do mandato para 4 anos, antes eram 5; em 1992 houve as mudanças sobre
financiamento de campanha, prazo de um ano para filiação e domicilio eleitoral
dos candidatos; em 1996 limite no tempo de campanha; em 2000 tivemos a
implementação da reeleição; em 2008 tivemos o fim dos showmícios e proibição
dos outdoor; em 2012 a Lei da Ficha Limpa foi a grande novidade, mas essa lei
ainda não pegou e tivemos candidato ficha suja disputando a eleição, mas existe
esperança de que ela valha em 2016 e não tenhamos ficha suja nas eleições.
Agora, além da mudança na legislação
local que aumentou i número de vagas de 11 para 13, o Congresso Nacional veio
com um novo pacote de mudanças através da Lei nº 13.165/2015 que promoveu
mudanças nas Leis 9.096/95 (lei dos partidos), a 9.504/97 (lei geral das
eleições) e a 4.737/65 (Código Eleitoral), com vigência para as nossas eleições
municipais de 2016. As mudanças mais significativas foram quanto ao prazo de filiação
partidária, que antes era de um ano, passou para 6 meses antes do pleito.
Portanto aqueles que desejam disputar um cargo eletivo na próxima eleição,
agora, devem estar filiados a um partido até o dia 02 de abril de 2016 o que dá
mais tempo do pretenso candidato pensar em qual partido deseja se filiar e qual
a linha que quer seguir (se a favor do Governo ou contra ele). Porém, é bom
lembrar que o domicílio eleitoral permanece com prazo de um ano, então, o
pretendente deve ter o título na cidade um ano antes das eleições.
A redução do período de campanha e de
propaganda eleitoral, também foram outras mudanças muito importantes. O período
de campanha cai de 90 dias para 45 dias. Menos barulho e bagunça na cidade,
muitos devem estar comemorando (será?). Já a propaganda no rádio e tv cai de 45
para 35 dias, e só teremos os guias dos candidatos a prefeito e vice-prefeito,
com apenas 20 minutos, os vereadores se contentarão com pequenas inserções
(vinhetas) ao longo da programação.
A distribuição das sobras das vagas também
sofreu mudança significativa com a inclusão da votação nominal mínima. Os
candidatos que não atingirem 10% dos votos válidos, serão desconsiderados. Isso
mudará a estratégia de muitos partidos, pois pensarão duas vezes antes de
lançar aqueles candidatos apenas para “completar” a chapa. Brejo da Madre de
Deus tem, até o momento, 30.386 eleitores, digamos que se aproveitem 26 mil
votos para vereador, como teremos 13 vagas para vereador, o coeficiente será de
2 mil votos, 10% seriam 200 votos, portanto, quem tiver menos que isso não será
contado, ou seja, não poderá ser nem suplente, é como se não tivesse disputado
a eleição. Isso eliminaria 21 dos 44 candidatos da última eleição. A limitação
nos valores de campanha é mais uma inovação, pois os candidatos a prefeito só
poderão gastar até o teto de R$ 211.348,95, já os vereadores tem o teto de R$
22.173,78, além da proibição de contar com a doação de empresas, isso faz com
que os recursos sejam limitados ao fundo partidário, recursos próprios e
doações de pessoas físicas. Alguém pode achar que isso não será respeitado,
pois existe o famoso “caixa dois”, mas digamos que um determinado candidato
declarou que gastou apenas R$ 15.000,00, mas sua campanha contou com militância,
carro de som, material impresso, combustível para levar a militância nos
bairros, distritos e zona rural, locutor oficial da campanha, comitê, entre
outros gastos que saltam aos olhos. Ele será questionado e poderá perder o
mandato. Também foi criada uma janela
partidária, para que os vereadores possam mudar de partido sem perder o
mandato.
Essas mudanças deveriam baratear as
campanhas e igualar os candidatos, mas está longe disso. Teremos uma campanha
mais curta, menos barulhenta, ainda com muito troca-troca de partidos e muita
rivalidade, previsão de desrespeito ao próximo, xingamentos e baixaria, fazendo
a política arcaica, atrasada da qual se referia Eduardo Campos. Sonhando com o
dia em que teremos apenas candidatos civilizados, que venham discutir os
problemas da cidade. Mas, pelo que vimos nas últimas campanhas, enquanto um
lado mostra trabalho, discute ideias e apresenta propostas, o outro...
Esperemos 2016 para ver se alguém se
apresenta para discutir a cidade e não somente discutir por discutir, sem
observar as entrelinhas da política.
Valdeci
Ferreira Junior é professor das Faculdades Mauricio de Nassau, Professor da
rede Municipal de Brejo da Madre de Deus e da rede Estadual de Ensino,
Acadêmico do Curso de Direito da Unifavip e analista político.
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