Com o avanço tecnológico, o acesso à
Internet leva cada vez mais os brasileiros à inclusão nos ambientes digitais, e
as redes sociais ocupam uma posição de destaque nas estatísticas sobre o tema.
Sem dúvida, estamos diante de um grande fenômeno o qual permite acesso a
informação global, aprendizado cultural, política, lazer, relacionamento social
e profissional. As redes sociais são meios de comunicação que interligam
pessoas por área de interesse de forma virtual, com rapidez de divulgação
independente da distância e com custo irrisório. Diante de tanta facilidade e
amplitude, é certo que surgem pontos negativos que precisam ser tratados com
muito cuidado, atentando para o uso correto das diversas ferramentas
disponíveis na Tecnologia de Comunicação e Informação (TIC). Um exemplo na área
profissional desse cuidado é que as empresas em busca de talentos, conectam-se
às redes sociais para selecionar o perfil adequado do profissional, baseado em
informações de conduta, hábitos, hobbies, preferências, comportamento ético,
boa redação e habilidade de relacionamento dos candidatos.
Com a mesma facilidade que as redes
sociais são utilizadas para divulgação de cultura, lazer e importantes
informações, também são utilizadas para difamação, fofocas e intrigas que
destroem relacionamentos e causam constrangimento às vítimas, além de
atentados, apologia a crimes, maus tratos contra os animais e violações dos
Direitos Humanos como aliciamento, incentivo ao racismo, neonazismo, homofobia
e intolerância religiosa. Podemos exemplificar com fatos recentes como o Diário
de Classe, página criada por uma adolescente estudante da rede pública em
Florianópolis, no qual ela denunciava problemas na infraestrutura e didática de
alguns professores de sua escola, um verdadeiro ato de cidadania. Por outro
lado, pais de menores foram condenados pela justiça de Rondônia, por seus
filhos terem criado uma comunidade em um site de relacionamento para
ridicularizar um professor da escola onde estudavam.
Levantamos então as seguintes
questões: qual o limite entre o público e o privado? Quais são os riscos sobre
o que se publica nos sites? Quais os cuidados necessários quanto ao uso correto
das redes sociais?
“A internet pode ser vista como a
maior praça pública do mundo e esconde violência real nas esquinas virtuais”
(Especial da Revista do 50º Congresso Nacional da Escola de Pais do Brasil).
Quando uma pessoa compartilha, nas
redes sociais, informações pessoais e de sua vida particular, tais como fotos e
vídeos, endereço, telefone, horário e locais onde frequentam, está se expondo
virtualmente de uma forma exagerada e perigosa. Quem de nós sai distribuindo
fotos em praça pública e falando nos ônibus, a quem quer que seja, sobre os
horários e locais que costuma frequentar? Precisamos compreender que o mundo
virtual faz parte do mundo real e se cuidamos de nossa segurança com muros e
grades em nossas casas, devemos também ter cuidado em preservar nossa
privacidade. O usuário das redes sociais deve se sentir confortável com o que
publica na internet e ao criar seu perfil, deve ser cauteloso, pois nunca se
sabe quem estará lendo essas informações e quais são suas reais intenções.
Vivemos num mundo violento e os
riscos são muitos: golpes, sequestros falsos e verdadeiros, pedofilia, ameaças
e chantagens que muitas vezes, o medo e o constrangimento é tanto que evitamos
sair de casa para não sermos alvo de chacotas, críticas, julgamentos
equivocados e exclusões sociais.
Pais e educadores devem ficar atentos
quanto ao uso da TIC pelas crianças e adolescentes porque, aprender a criar
páginas, fazer vídeos e manipular imagens nas redes sociais não é uma tarefa
difícil, mas ter uma postura ética e responsável depende de uma orientação com
qualidade e eficiência, para que eles possam entender e internalizar a dimensão
pública a qual estarão expostos, não só em relação aos seus direitos, mas
sobretudo aos deveres impostos pela nossa constituição.
Para finalizar, relaciono a seguir
algumas dicas e cuidados para o uso correto das redes sociais, extraídos da
cartilha “SaferDic@s”, elaborada pela SaferNet(*).
Cuidados:
- Não
exponha detalhes de sua vida. Sua intimidade é preciosa e não deve ser
aberta para qualquer um;
- Quando
divulgamos informações pessoais na internet, elas se tornam públicas;
- Após
publicar algo na internet, é impossível voltar a escondê-lo;
- Os
“cadeados” e bloqueios de acesso podem ser “quebrados” por pessoas mal
intencionadas;
- Seus
dados podem ser roubados e manipulados para ofender e mesmo chantagear.
Dicas para manter-se seguro:
- Mantenha
o mínimo de informações em seu perfil;
- Se
divulgar fotos, use as que não facilitem seu reconhecimento, nem endereço
ou nome da escola;
- O que
importa é a qualidade e não a quantidade de amigos. Cuidado com estranhos;
- Jamais
aceite convite de encontro presencial com quem não conhece;
- Troque
sua senha periodicamente;
- Caso
seja agredido por estranhos, configure sua conta para bloquear os contatos
indesejados;
- Se
visualizar conteúdos suspeitos de violarem os Direitos Humanos, denuncie em
www.denuncie.org.br.
“Palavras são apenas resumos dos
nossos sentimentos profundos, sentimentos que para serem explanados precisam
mais do que um sujeito, um verbo e um predicado. Precisam de toque, visão,
audição. Amor virtual é legal, mas o teclado ainda não dá conta de certas
sutilezas”. (Martha Medeiros)
(*) ONG sem fins lucrativos, voltada
à prevenção, orientação, acolhimento de denúncias e canal de ajuda via chat ou
email; criada por cientistas de TI, professores, pesquisadores, psicólogos e
bacharéis em Direito.
Bibliografia:
Anais do 49º Congresso Nacional da
EPB
Revista do 39º Seminário Regional da
EPB – Salvador
Revista do 50º Congresso Nacional da
EPB
Internet: Redes sociais: exposição ou
intromissão – Christiane Lima
Internet: O limite entre o público e
o privado – Jéssica Silva
Cartilha SaferDic@as da SaferNet
Ana Rosa e Anníbal são presidentes da
Escola de Pais do Brasil – Salvador
São livros que nos ajudam a entender a política e os meios de comunicação
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