sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Entrelinhas II



Pensamento do dia: "O problema do mundo de hoje é que as pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas, e as pessoas idiotas estão cheias de certezas..."

Bertrand Russell


A campanha eleitoral e sua proximidade com a ilegalidade



Olá meus amigos de Brejo da Madre de Deus, começando 2016, mas sem esquecer 2015. É assim que muita gente se sente ainda, pois o ano de 2015, mesmo sendo um ano perdido, deixou muitas marcas, como a crise política que atingiu em cheio a nossa economia e piorou a vida de todos e não será esquecida nem tão cedo.


Em 2016 o que todos sabiam se materializou em denúncias confirmadas, indiciamentos e prisões. Afinal, como são financiadas as campanhas no Brasil? De onde vinha tanto dinheiro? Como eram feitas aquelas campanhas milionárias? O Brasil assistiu estarrecido aos acontecimentos de 2015 que mostravam como eram obtidos os recursos para financiar campanhas, mas o que destruiu a credibilidade de partidos e políticos foi o fato de muito desse dinheiro roubado da nação, além de financiar campanhas, estava sendo utilizado para enriquecer políticos e outras pessoas que se aproveitaram da situação. As investigações seguem indefinidas, ninguém sabe quando nem como vão acabar e a cada dia a lista de políticos e pessoas indiciadas aumenta. A população que no início, influenciada pela mídia, elegeu o PT (Partido dos Trabalhadores) como culpado pela roubalheira e único responsável, aos poucos foi percebendo que não era uma questão de um partido. Todos se lambuzaram, partidos de situação, de oposição, e lobos posaram de cordeiros. Foi fácil para muitos que praticaram ilegalidades apontar o dedo para o Governo Federal, mas esqueceram que os seus dedos estavam podres.


Até falecidos foram colocados nas listas de beneficiados, como os finados José Janene, Sérgio Guerra e Eduardo Campos. Pedro Correia que estava preso pelo mensalão, foi preso novamente pela Lava Jato, assim como José Dirceu. Os Presidentes do Senado e da Câmara Federal foram indiciados como participantes do esquema de corrupção, e por falar nos deputados, Eduardo Cunha foi um capítulo à parte, nunca na história desse país, alguém abusou tanto da paciência dos brasileiros. Apesar das comprovações de sua participação no esquema, com o flagrante de contas recheadas de dólares, na Suíça, em seu nome, e até usar uma Igreja para receber propina (segundo denúncias do MPF), Cunha insiste em negar e tem feito de tudo para dizer que é inocente e ficar no cargo. A consequência dessa bagunça toda no país foi o desemprego, volta da inflação, aumento de impostos, crise econômica e abertura do processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff. 

O país corre o risco de, guardada as devidas proporções, se mantiver a intenção de afastar a Presidenta, cometer o mesmo erro de quando Dr. Edson foi afastado da Prefeitura de Brejo da Madre de Deus em 2013. Da mesma forma seria injusto e sem motivo e ainda levou a cidade ao caos. Dilma, assim como Dr. Edson, não cometeu crime algum e o que se aponta sobre ela, pedaladas fiscais, ainda nem foram julgadas pelo Congresso, como ela poderia ser cassada por um erro que ainda não é erro? Pois, no meu entendimento, só será confirmado quando o Congresso rejeitar, e se rejeitar, as contas de Dilma.

Mas no caso de Dr. Edson, o erro foi maior. Durante o período muito se falou que houve isso ou aquilo, prefiro apresentar a seguinte tese: houve um erro na campanha de Dr. Edson, e deveria haver uma punição, porém a punição foi severa demais. No entanto, o TRE-PE permaneceu no erro, esquecendo de verificar determinados fatos e apreciando outros que não estavam no processo e desconsiderando até uma decisão da Ministra Carmem Lúcia do TSE, mantiveram uma eleição suplementar. Quando o processo chega ao TSE, nas mãos do Ministro Otávio Noronha (nome que ficará guardado na história da cidade) ele percebe o erro e dá a oportunidade do TRE-PE se corrigir. Mas a vaidade humana nos cega, e o TRE-PE, decide manter como estava ao invés de admitir o erro e fazer o correto. Diante dos vícios do processo, o Ministro Noronha determinou a volta de Dr. Edson ao cargo do qual não deveria ter saído. Houve recurso, e o ano de 2015 foi de especulação sobre o que aconteceria, mas todos sabiam que a decisão seria mantida, pois ela era baseada em fatos muito bem fundamentados. Para agravar a situação, os advogados da oposição num momento Trapalhões e mostrando desentrosamento, complicaram a situação e o recurso foi recusado por 6 a 1 e Dr. Edson continuou na Prefeitura, mas o estrago já havia sido feito, recursos financeiros e profissionais perdidos, obras paralisadas, milhões em projetos e convênios com o Governo Federal, entre eles a quadra de Fazenda Nova e o Calçamento do acesso a Serra da Prata, devolvidos ou perdidos e o povo sofrendo. Com o Brasil pode acontecer o mesmo e o país cair num buraco pior? Mas qual será a compensação para esta perda irreparável da cidade? O povo ficou sem seu líder por muito tempo, sem um comandante que se preocupasse com seu futuro, sem aquele que escolheram pelo voto direto para lhes governar por 4 anos em 2012. Como recuperar o tempo perdido? Tem jeito? Veremos. Mas, o que será que as entrelinhas destes acontecimentos nos revelarão? Que venha 2016, viveremos fortes emoções sem dúvida nenhuma, e como dizia aquele saudoso locutor: “Aguenta, coração!”  

Valdeci Ferreira Junior é professor das Universidades Mauricio de Nassau, Professor das redes Municipal de Brejo da Madre de Deus e da rede Estadual de Ensino, Acadêmico do Curso de Direito da Unifavip e analista político. 

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