sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Entrelinhas IV




Pensamento do dia: A mudança é a lei da vida. Aqueles que olham apenas para o passado ou para o presente serão esquecidos no futuro.

John F. Kennedy


Conselho é bom para quem escuta



Olá, meus amigos de Brejo da Madre de Deus, semana passada tomaram posse os novos conselheiros tutelares de nossa cidade, um evento bonito, bem organizado, mas devemos lembrar que, passada toda e a festa, agora vem a dura realidade que é a difícil tarefa que estes jovens terão em cuidar de garantir os direitos das crianças e adolescentes de nosso município. De cara você não encontra na sociedade muita simpatia ao trabalho dos conselheiros, pois tem-se a falsa impressão que eles atrapalham a criação das crianças. Primeiro devemos afastar esse pensamento totalmente, os conselheiros são parceiros dos pais, da sociedade e principalmente das crianças, o que devemos entender é que a criança é um ser em formação, o que ela vê e aprende nesta época marcará sua vida para sempre, seria muito bom que estas crianças tivessem apenas amor e carinho em seus lares, as três refeições, uma cama quente numa noite fria, um abrigo. Mas, muitas vezes, o que vemos é que aqueles que deveriam proteger e cuidar dessas crianças, aqueles que elas mais confiam, são os que mais violam seus direitos. E diante da situação onde os próprios pais lhe agridem, a quem eles podem recorrer? O Conselheiro Tutelar.
Na boca pequena escutamos muitos dizerem: na minha época eu trabalhava ajudando meus pais, hoje se a criança estiver trabalhando, o conselho, se brincar, manda prender. Essa é outra inverdade, o trabalho não é proibido, pelo contrário, ele é até incentivado, vejam os programas de menor aprendiz e estágios das empresas, o mesmo pode ser feito em casa, porém, o que não podemos permitir é que a criança tenha as responsabilidades de um adulto. Ser o arrimo de um lar, deixar de estudar para trabalhar, não ter a hora de brincar, aí não. Pois tudo isso faz parte de sua formação de caráter e de pessoa. Se queremos ter uma pátria educadora e pensar no futuro melhor para nossos filhos, devemos garantir que eles estudem, quanto mais tempo as crianças tiverem de escola, menos contato com o mundo das drogas. Por isso o investimento pesado dos Governos para criar escolas em tempo integral, não vai ser o trabalho que vai garantir um futuro de sucesso para as crianças, e sim a educação. Os países ricos, como EUA, Alemanha, Japão, entre outros, já perceberam isso há muito, muito tempo, além de remunerarem muito bem seus professores, não admitem as crianças ficarem menos de 8 horas nas escolas, aqui no Brasil sofremos para garantir um piso dos professores, com escolas sem estrutura e menos de 5 horas de aulas.
A criança sem educação, não tem perspectiva e como vivemos num mundo capitalista que valoriza o que você tem e não o que você é, as crianças são as mais afetadas, eles são ensinadas a quererem objetos e não criam respeito por ninguém. Acabam caindo no mundo das drogas e os pais, sem tempo, nem paciência para educar, jogam a responsabilidade nas escolas desestruturadas para educar essas crianças. O resultado já conhecemos, violência, prostituição, tráfico, uma geração de futuro perdida. E agora, como punição a ausência dos pais na criação dos filhos, que os deixaram a margem, que não deram educação, estão pretendendo reduzir a maioridade penal, como se isso acabasse com os problemas da violência. Se presídio resolvesse problema de criminalidade no Brasil eles não estariam tão cheios, o que estes jovens precisam é de EDUCAÇÃO, não um faz de conta. Brasileiro adora criar leis para resolver problemas. Leis já temos de sobra, o que precisamos é fazer com elas sejam cumpridas. E entendam por educação não só a oferecida nas escolas, mas a que vem do lar primeiramente. Bom dia, boa noite, com licença, benção mãe e pai, por favor, obrigado, como se portar a mesa, como entrar e sair de um ambiente, respeito aos mais velhos, como se vestir e até a música que eles ouvem, por que não? Entre outras coisas. Isso tudo deveria se aprender em casa, mas parece que esquecemos de dizer isso as nossas crianças. Esquecemos de colocar limites, elas crescem achando que podem fazer o que querem, falhamos na educação e depois queremos puni-las pelos nossos erros? Não me parece justo. Cristo nos ensinou que é das crianças o Reino do Céus, e diz ainda “Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar”, para depois afirmar “não desprezeis a qualquer destes pequeninos” (Mateus 18). Existe mensagem mais clara? O problema é que ainda não compreendemos essa mensagem, insistimos em criar com mais violência e menos amor.
Os Conselheiros não criaram as leis, eles apenas querem fazê-las cumprir, como qualquer cidadão. O trabalho deles é árduo e precisam do apoio da população para que possamos sonhar com um futuro melhor para todos nós. Boa sorte a esses guerreiros.
  

Valdeci Ferreira Junior é professor das Universidades Mauricio de Nassau, Professor das redes Municipal de Brejo da Madre de Deus e da rede Estadual de Ensino, Acadêmico do Curso de Direito da Unifavip e analista político. 

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