Uma base secreta alemã da Segunda Guerra Mundial foi descoberta nas
proximidades do Polo Norte.
Os restos de uma base alemã foram encontrados por pesquisadores russos em
uma ilha que fica perto do Polo Norte.
A base militar “Schatzgrabber” (Caçador de Tesouros, em alemão) foi
construída por Alexandra Land, em 1943, na isolada ilha de Franz Josef Land, a mais de 1.100 quilômetros do
norte de Arkhangelsk, uma cidade russa.
As ilhas são cobertas pelo gelo durante grande parte do ano e o local foi
visitado pela última vez na década de 1980, disseram os pesquisadores. Mas no
início desse ano, em agosto, uma equipe de arqueólogos russos explorou e
catalogou os restos da base pela primeira vez. [Veja as fotos da Base secreta
alemã da Segunda Guerra Mundial]
“Neste verão, o Ártico estava muito quente, então toda a área de
Schatzgrabber estava completamente descongelada, tornando possível a exploração
completa do local”, disse o líder da equipe, Evgeny Ermolov, pesquisador sênior
do Russian Arctic National
Park, que agora administra a ilha.
Entre os achados estão os restos mortais de vários soldados alemães e
seus uniformes, bem como fragmentos de armas e munições, incluindo espingardas,
metralhadoras, minas terrestres e granadas de mão, que foram abandonadas quando
os últimos ocupantes da base foram evacuados por um submarino alemão em 1944.
Cerca de 10 meteorologistas alemães estavam na ilha em 1943 em uma missão
secreta para enviar avisos sobre as condições climáticas dos oceanos nortistas
e da Europa, para que o exército alemão considerasse essas informações em suas
operações estratégicas.
Ermolov disse que a equipe de pesquisa recuperou mais de 600 objetos nos
escombros da base, além de um depósito de suprimentos emergenciais e uma pista
de pouso. Esses artefatos foram enviados ao Arctic
National Park em Arkhangelsk
para serem estudados mais a fundo, disseram os pesquisadores.
Ermolov disse que o ambiente muito seco e praticamente livre de micróbios
também ajudou a preservar muitos objetos de madeira, couro e tecido, incluindo
manuais navais alemães, livros de meteorologia, tabelas astronômicas, registros
de clima, revistas e uma cópia do clássico romance de Mark Twain, “Tom Sawyer”.
O urso polar de Potluck
A equipe também encontrou suprimentos de comida enlatada na base,
incluindo sardinhas de Portugal, curiosamente rotuladas em inglês, mostrando
que estavam à venda na América. [De objetos voadores até controle da mente: 7 segredos revelados da CIA]
Mas sardinhas não eram a única coisa no menu dos soldados de Alexandra
Land. As águas da baía começaram a congelar com a aproximação do inverno e
vários barcos cheios de suprimentos e equipamentos foram esmagados pelo gelo,
disseram os pesquisadores.
“Alguns dos suprimentos e equipamentos afundaram, então as opções de
alimentos durante o inverno ficaram bastante limitadas. Não seria nenhuma
surpresa se eles tivessem matado ursos polares em busca de carne fresca, pois
não havia mais nada por perto”, disse Ermolov.
Mas ele acrescentou que os meteorologistas não cozinhavam corretamente a
carne de urso, fazendo com que todas as pessoas que a comeram tivessem um surto
de triquinose, uma infecção dolorosa e desagradável de lombrigas, causada pela
ingestão de carne contaminada.
Em resposta à essa emergência médica em Alexandra Land, um ousado voo de
resgate saiu da base alemã em Banak, na Noruega, em julho de 1944 para levar um
médico até a ilha e trazer de volta os meteorologistas doentes, de acordo com o
historiador alemão Franz Selinger.
Mas o grande FW-200 “Condor” teve uma roda danificada durante a
aterrissagem e um segundo avião precisou ser enviado de Banak para trocar a
roda e permitir que a primeira aeronave decolasse e fizesse a evacuação dos
doentes.
Ermolov disse que os
pesquisadores tiveram que procurar em uma área muito grande, mas tiveram a
sorte de encontrar vestígios do campo de pouso, incluindo restos de barris de
combustível, tendas, baterias, caixas, bombas de fumaça e sinalizadores feitos
em 1941.
“Antes, só sabíamos dessas
coisas através de fontes escritas, mas agora temos provas materiais”, disse
Ermolov.
O último reduto
A base alemã em Alexandra
Land não estava completamente perdida na história: depois da guerra, algumas
estruturas foram utilizadas pelos militares soviéticos até a base aérea de
Nagurskoye da Rússia ser construída na ilha na década de 50.
Uma equipe de especialistas e
militares alemães também visitou a ilha na década de 80 para remover os campos
minados que haviam sido plantados em torno da base para protegê-la de um
ataque, disse Ermolov.
Mas ele acrescenta que a
exploração desse verão representou a primeira vez na qual o local foi
exaustivamente estudado e registrado após ter sido abandonado.
“Fizemos uma descrição
completa da estação e de todos os objetos restantes, incluindo restos de
barracas, da estação meteorológicas, das fortificações e da pista de
aterrissagem pela qual os alemães foram evacuados em julho de 1944”, ele diz.
O nome enigmático da estação
alemã, que significa Caçador de Tesouros, alimentou a especulação de que a base
em Alexandra servia para outros propósitos além de registrar o clima no local.
Algumas teorias sugerem que a base foi ocupada por uma unidade das tropas
nazistas e tido um papel no desenvolvimento de armas secretas, ou na busca de
uma mítica “pátria nórdica” nas ilhas do Círculo Polar Ártico.
Mas o historiador William
Barr disse ao Live que o propósito da base era
estritamente científico e era uma das 10 estações meteorológicas alemãs nas
ilhas do Ártico ao norte da Europa.
“Foi um grande desastre. O
líder da expedição enlouqueceu. Quando eles foram evacuados, ele precisou ser
amarrado no chão da aeronave para evitar seus surtos de violência”, Barr disse.
Os pesquisadores russos não
encontraram nenhuma evidência que apoiasse as especulações sobre a base de
Schatzgrabber. “Preparamos um diagrama completo da estação com referências
geográficas sobre todas as suas comodidades, incluindo máquinas que sugerem que
a ocupação alemã data da época da Segunda Guerra Mundial”, disse Ermolov. “Com
base nesses dados, podemos eliminar alguns dos mitos que se formaram em torno
da base por muitos anos.”
Tom Metcalfe, colaborador
do Live Science
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