Pensamento do dia: “Nenhum vencedor acredita
no acaso”.
Quando Vencer é mais que uma Questão de Sorte
Olá meus amigos de Brejo da Madre
de Deus, me responda quem souber, qual o segredo dos vencedores? Benjamim
Franklin diria “As três coisas mais difíceis do mundo são: guardar um
segredo, perdoar uma ofensa e aproveitar o tempo”. Talvez quem saiba não possa
contar, ou não queira. Mas existem sempre dicas e orientações, pistas, que nos
ajudam a desvendar estes segredos. Houve um tempo em que as eleições eram
baseadas no nome dos candidatos: Miguel Arraes, Getúlio Vargas, Zé Inácio,
Paulo Mendonça, etc. Era só estes personagens anunciarem sua candidatura e a
eleição estava garantida. Mas as campanhas eleitorais não são mais assim, basta
olhar o atual cenário e não vemos grandes nomes. Conversando com alguns
especialistas que passam a vida analisando política e disputas eleitorais, e
vivem disso, eles garantem que existe sim uma fórmula para a vitória, passando
sempre por três pilares: dinheiro, grupo político e planejamento.
Sabemos que o sistema eleitoral brasileiro não é de muita
confiança, pois cada eleição tem uma regra diferente, por isso se preparar é
fundamental. Todos nós nascemos para vencer, mas para ser um vencedor você
precisa planejar a vitória, se preparar para a disputa, e esperar o resultado
positivo. A vitória não vem para o despreparado ou para aquele que não a
espera, mesmo nos resultados mais adversos e mais surpreendentes, o vencedor
tinha certeza que iria vencer. Nunca vi time que ganhou no estádio do
adversário não ter um grupo de torcedores para comemorar. Aqueles sabiam que
venceriam. Ou seja, não importa qual seja a disputa, nem sua posição inicial
nessa. Se prepare para vencer! Imaginem Eduardo Campos com 4% nas pesquisas em
março de 2006, se não tivesse se preparado para ganhar não teria obtido a
espetacular vitória 7 meses depois.
O primeiro passo para uma vitória é saber se tem os
recursos financeiros suficientes para enfrentar a disputa. Nada adianta ter a
estrutura, saber o que fazer, conhecer o caminhos se não tem como realizar
estas estratégias. Se não tem, como pode conseguir? O que sempre acontece nas
eleições municipais com dois grupos é que existem empresas e pessoas que
dependem do Governo e não querem perder seu negócio, por isso financiam quem
está no poder, aqueles que não estão dentro do sistema e querem entrar, apoiam
o candidato da oposição, porém o seu risco é maior, pois não há garantia alguma
em caso de derrota. O bom candidato sabe se colocar nessa situação para
conseguir os recursos necessários para sua candidatura.
O outro passo, garantido os recursos financeiros, é ter um
grupo político. De que adianta ter o dinheiro se não sabe, nem tem com quem
gastá-lo? Até para gastar dinheiro deve-se mostrar competência. Já vi muitos
candidatos com muito dinheiro perderem a eleição, quer um exemplo? Eleição
municipal de Caruaru em 1996, o candidato do Governo, Adolfo José, dono da
empresa de transportes Coletivo, tinha os recursos em maior quantidade que seus
adversários juntos, no entanto teve apenas 8% dos votos. Outro exemplo as
eleições de Brejo da Madre de Deus do mesmo ano, o adversário de Zé Inácio
tinha muito mais dinheiro para gastar que seu adversário. O que faltou? Em
ambos os casos grupo. As pessoas responsáveis por fazer a campanha não souberam
administrar os recursos, gastaram errado. Ter muito dinheiro numa campanha pode
ser ruim se você não souber o que fazer com ele ou tiver um grupo displicente.
Um grupo forte é importante para disseminar o nome do candidato pelo Município,
representa-lo nos lugares em que ele não puder estar, defende-lo diante de
alguma acusação injusta ou agressão por parte do adversário. Sem grupo para
carregar o andor, o santo não sai do canto. Ulisses Guimarães nas eleições
Presidenciais de 1989 tinha o maior partido do país, o PMDB, no entanto teve 4%
dos votos, típico de partido nanico, faltou grupo.
Nada vai adiantar se você tiver o dinheiro, tiver o grupo,
mas não tiver planejamento, talvez seja esse o principal fator de uma eleição,
pois um bom planejamento supera até as dificuldades orçamentárias e a falta de
grupo. Eduardo Campos não conseguiu terminar a campanha de 2014, mas claramente
víamos que ele tinha muito menos recursos que o Dilma e Aécio, e um grupo muito
mais reduzido do que os que apoiavam a candidata do PT e o candidato do PSDB.
Ambos são partidos nacionais, que tem governadores em Estados importantes e
prefeitos de capitais e cidades de expressão, além de terem outros grupos de
apoiadores, partidos políticos, também de grande peso no cenário nacional. O
pequeno PSB de Eduardo era um partido de pequena expressão ainda e seu nome
pouco conhecido no cenário nacional, porém seu planejamento estratégico era
impressionante. Para vencer os poucos recursos, ele iria usar a articulação
popular se utilizando da indignação das pessoas contra a política repulsiva que
tomava conta do país e que fora percebida por todos nos recentes episódios de
impedimento de Dilma. Contra a falta de grupo ele apostava nas dissidências de
um grupo ou do outro, pois ambos governaram o país e não tinham atacado os
pontos que mais incomodam a sociedade brasileira. Para isso Eduardo contava com
um discurso poderoso e um carisma de político nato que aprendera no tempo em
que fora auxiliar de seu avô Miguel Arraes.
Não quero dizer que para ser candidato e chegar a vitória
você precisa ser um Arraes ou um Eduardo Campos, não é isso, apenas que mesmo
você tendo o talento para entrar na política se não tiver as ferramentas para
se colocar na disputa, será um eterno candidato, assim como Lula em 1989, 1994
e 1998. Ele teve de parar, pensar e rever todas as suas histórias, planejar a
campanha, o que falar, como falar e quando falar. Como se portar e se dirigir
as pessoas. O Lula de 2002 não parece nada com o Lula de 1989 e é o maior
exemplo que temos de como uma campanha bem pensada diminui as chances de
derrota, ou talvez você queira pensar como Stael, que diz: “A conquista é um
acaso que talvez dependa mais das falhas dos vencidos do que do gênio do
vencedor”, mas quem vai confiar no erro do outro?
As eleições brasileiras,
até pela legislação, estão se tornando cada vez mais profissionais, não é
apenas a vontade. Estamos nos aproximando das eleições americanas, onde por
traz de um candidato HÁ um batalhão de pessoas que o assiste (advogado,
contador, assessor de comunicação, voluntários, mobilizadores, etc), o mandato
não pertence a uma pessoa, mas sim a um grupo de pessoas. No Brasil estamos
chegando a este nível, esperamos que os eleitores também estejam chegando também,
pois lá não existe lei de ficha suja, basta o eleitor saber que o candidato
está envolvido em algum indicio de coisa errada para ele nunca mais ser votado.
Esperemos que os eleitores brasileiros alcancem este nível de amadurecimento um
dia, lá eles votam há mais de 260 anos, aqui temos menos de 30, de experiência,
o aprendizado é longo.
Valdeci
Ferreira Junior é professor das Faculdades Mauricio de Nassau, Professor das
redes Municipal de Brejo da Madre de Deus e da rede Estadual de Ensino,
Acadêmico do Curso de Direito da Unifavip e analista político.
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