domingo, 13 de novembro de 2016

Entrelinhas XII

Pensamento do dia: A cultura forma sábios; a educação, homens.
Louis Bonauld
Onde está a educação?
 Olá meus amigos de Brejo da Madre de Deus, pela minha família, pelos meus amigos, pelos companheiros que nos leem, peça gramática que foi violentada no domingo da votação, pelo colega que não fica um dia sem ler o blog do Marcelo Santa Cruz, pelo agreste pernambucano e por minha cidade, Brejo da Madre de Deus. Sim, eu voltei. E depois de uns dias envolvidos em congressos, aulas, simpósios, colóquios, pude tirar um tempinho para falar sobre os últimos acontecimentos. Como já prevíamos, tivemos uma semana movimentada que acabou com os argumentos do Governo, que não foram suficientes para convencer os aliados a votarem contra o impedimento. Mas o que nos chamou a atenção foram os discursos dos deputados, vazios, patéticos, medíocres, cometendo os mais absurdos erros gramaticais, sem educação alguma e totalmente fora do que estava se discutindo ali. A revista Britânica The Economist, fez um levantamento dos argumentos dos deputados ao votarem. Nos votos, a maioria dos parlamentares favoráveis ao afastamento da petista não fizeram nenhum comentário ou posicionamento sobre as pedaladas fiscais - manobras contábeis que embasam o pedido de impeachment - e utilizaram como justificativa seus próprios familiares, "deus", "cristianismo", o fim da corrupção, dentre outros motivos que surpreenderam até jornais internacionais. O nível do debate foi deprimente. Como o ex-Ministro do STF, Joaquim Barbosa disse sobre o comportamento dos deputados, “É de chorar de vergonha, simplesmente patético!”.  E ele continua, “Anotem: teremos outras razões para sentir vergonha de nós mesmos em toda essa história". O que era aquele grupo perto do microfone? Onde estava a concordância, plural foi feito para se usar, parecia uma reunião de iletrados, não deputados que recebem dezenas de milhares de reais. Alguns carregavam um livro (parecia uma Bíblia), mas eu acho que era apenas para servir de apoio, porque ler, ele (a) com certeza não lia, se lessem, não abririam a boca para falar tanta besteira. Em um artigo escrito pelo Senador pernambucano, Cristóvão Buarque, ele diz que a votação foi um exemplo do momento democrático que estamos vivendo, onde o acesso a todos os setores que antes eram restritos a uma meia dúzia de privilegiados, porém, segue o senador, esta democratização é sem educação sem cultura alguma. Segundo ele deixamos de educar, e isso se verifica nas universidades, nas grandes empresas, nos mais altos postos do país, e refletido em nosso Congresso Nacional, nivelado por baixo. Pois não é só dinheiro que transforma a educação de uma pessoa, a educação é a base de tudo. Segundo o juiz Márlon Reis, um dos militantes idealizadores da lei da ficha limpa e que combate a corrupção, temos o pior Congresso da história da República.  Na segunda-feira, 18 de abril, o jornal americano Los Angeles Times divulgou um levantamento feito pela ONG Transparência Brasil sobre os políticos que estavam incumbidos de analisar o pedido de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff. Dos 513 deputados, 303 são investigados por algum crime, desses 224 já respondem a 542 inquéritos, um é procurado pela Interpol (Paulo Maluf, este vale um capítulo à parte), o PMDB é o partido que tem o maior número de investigados, 54 dos seus parlamentares devem a justiça, o PSDB vem em seguida. Em número de políticos cassados, o DEM é o primeiro, seguido pelo PMDB e PSDB, não à toa estes partidos lideraram o processo de impedimento contra Dilma (veja lista completa de políticos cassados abaixo). O próprio processo de impedimento de Dilma Rousseff foi comandado por um senhor que é investigado desde 1992, por desvios na Suderj, no Rio de Janeiro, mas consegue se esquivar até hoje - e alguém duvida que depois de tudo que ele fez, não escape novamente? O relator do processo, Jovair Arantes, foi condenado esta semana por crime eleitoral. E no Senado a coisa não é diferente, dos 81 Senadores, 49 são investigados por alguma coisa, destaque para Renan Calheiros que já chegou a renunciar um mandato de Senador para não ser cassado, e voltou nos braços do povo alagoano, seu filho é governador de lá. É a Renana que cabe, agora, a continuidade do processo. Tivemos cusparadas, empurrões, vaias, um empurra, empurra, palavrões, o uso do nome de Deus em vão, até o absurdo de um maluco que votou em homenagem a ditadura e ao Carlos Alberto Brilhante Ustra, um monstro capaz das maiores atrocidades e que ficou conhecido na história como o maior torturador de todos os tempos. E para coroar toda esta ridícula e circense apresentação anticívica, a deputada Raquel Muniz, de Minas Gerais que disse votar contra a corrupção e pelo marido, seu maior exemplo, votando sim, no dia seguinte teve o marido preso por... CORRUPÇÃO, desvio de dinheiro da saúde. Mas estes senhores e senhoras são nossos representantes, são nossa cara, símbolos de uma nação que não valoriza a cultura, a educação e a história. De um país cujo maior expressão cultural hoje é Wesley SAFADÃO, que se reúne em torno da tv na hora do almoço para assistir programas policiais, ou no horário nobre e ver programas como Ratinho, ou novelas que atentam a moralidade, junto com seus filhos e filhas. É neste país ignorante que elege os Cunha, Maluf, Collor, Bolsonaro, Tiriricas, Renan, entre outros parlamentares que, mesmo respondendo processos, são votados pelo povo. E nisso tudo, votaram pelo afastamento de uma Presidente, sob a qual não pesa nenhuma acusação e segundo seus próprios adversários, honesta. Mas, Dilma não está caindo porque se portou igual a seus julgadores, não. Ela cai porque não teve habilidade política para negociar com este Congresso. Agora o processo segue para o Senado, e o Governo já não vê como reverte-lo. Vamos torcer para as coisas se resolvam logo, e que o Brasil volte a sua normalidade. Nisso tudo fica a lição do grande Immanuel Kant, “O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele”.
Por aqui na nossa terrinha, terminou o prazo para as filiações visando as eleições de outubro, e foi um show de erros. Teve pré-candidato se filiando em um partido, mas esquecendo de se desfiliar do outro, cometendo dupla filiação, teve filiação em partido sem comissão formada (quem assinou a ficha?), teve até pré-candidato que se filiou depois do prazo, teve partido que não submeteu a lista ao TRE, teve outro que esqueceu a senha para acessar o sistema, e muitos que não fizeram as exigências cartoriais e junto à Receita Federal, uma zorra total, coisa típica de quem não se planeja. Das três cidades em que presto consultoria, mais Brejo da Madre de Deus, digo a vocês, nossa cidade foi a que teve mais problemas. Fato este que não incomodou os partidos ligados ao Prefeito Dr. Edson, tudo tranquilo e favorável. Cujas filiações ocorreram desde cedo, sem traumas. Os partidos estão prontos e em breve digo aqui quais são governistas e quais oposicionistas. Agora é esperar a hora certa para colocar o time em campo e partir, se Deus quiser, para mais uma vitória. Para aqueles que tem problemas, alguns podemos encontrar a solução, basta nos procurar, mas para outros, vão precisar de muito sabão para tornar a ficha limpa. E tem muito peixe pequeno por aí, como nosso amigo Zé de Nonda, doido para denunciar os fichas sujas. Mas isso tudo, amigos, não ocorre por acaso, tudo isso é fruto de uma educação, de uma cultura, de anos de estudo, dedicação e boas ações. Aqueles que andam na linha, colhem bons frutos, aqueles que insistem em fazer coisas erradas, vivem fugindo da justiça, mas igual ao antigo jogo do Pac Man, um dia eles são encontrados e aí é o fim da linha. Por isso, procure educar seu filho, este é o único bem que você deixará para ele e será eterno, porém, como disse o mestre Aristóteles, “A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces”. O mais fácil, nem sempre é o mais correto.
(Confira a lista completa de políticos cassados por corrupção)
 Valdeci Ferreira Junior é professor das Faculdades Mauricio de Nassau, Professor das redes Municipal de Brejo da Madre de Deus e da rede Estadual de Ensino, Acadêmico do Curso de Direito da Unifavip e analista político. 


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