segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Entrelinhas VII



Pensamento do dia: o invejoso, em vez de sentir prazer com o que possui, sofre com o que os outros tem”.
Bertrand Russell


Quando o mal que desejamos aos outros se volta para nós


Olá meus amigos de Brejo da Madre de Deus, passadas as emoções do Natal, Fim de Ano, das férias, e do Carnaval parece que finalmente o ano vai começar, para uns, pois para outros, terminou o ano de 2015 e começou o ano de 2016 e o trabalho não parou.  Mas, na semana passada estive na capital pernambucana para levar um parente que estava adoentado, precisando de cuidados especiais. Depois das obrigações, aproveitei para circular pela sede do Poder Legislativo Pernambucano, a Assembleia Legislativa de Pernambuco - ALEPE. Encontrei alguns deputados, assessores e servidores daquele Poder que tem ou tiveram ligação com Brejo da Madre de Deus. Quando estava perto de ir embora, eis que encontro uma pessoa que já tivera uma forte ligação com nossa cidade e que me perguntou como andava a terrinha. Começamos a conversar e respondi que agora está tudo certo, então ele quis saber como foi o caso que abalou a história política de Brejo da Madre de Deus, e afrontou a razoabilidade do direito com uma decisão severa demais para o erro cometido na campanha eleitoral de 2012. 
Ele queria saber sobre o tempo em que a cidade ficou sem Prefeito, governado por um interino e um suplementar, quando obras e ações que vinham modificando a cidade foram paralisadas e, algumas nunca mais serão recuperadas, como o caso do calçamento do acesso a Serra da Prata, entre outros. Recursos que estavam prontos para serem executados foram devolvidos e, com essa crise econômica que atravessa o país, dificilmente voltarão. Foi um período negro para a sociedade brejense, tempo perdido que não volta mais, de muita dificuldade, incompetência de gerir recursos e inoperância, a nossa praça pública central que o diga.
O meu interlocutor se mostrou muito bem informado e até compartilhou algumas informações de bastidores que eu desconhecia sobre a administração suplementar. Ao final do relato que fiz, ele me disse: veja o poder da inveja e a arrogância quando juntas o que são capazes de fazer. Pode destruir qualquer um, inclusive o invejoso”. Continuando, ele fez a seguinte reflexão, veja como são as coisas, a eleição foi apertada, mas a oposição saiu fortalecida, preparando as bases, teria grandes chances de vencer a eleição em 2016, até mesmo porque o Prefeito não poderia mais disputar uma nova eleição, concluiria os dois mandados consecutivos. Mas ao invés disso a inveja falou mais alto, afinal como dissera Horácio, pensador Romano, "O invejoso emagrece com a gordura dos outros," e por se sentir inconformado, resolveu gastar mundos e fundos para saciar sua fome de poder. Uma pequena fortuna foi gasta, sim, pois os advogados não foram baratos para esse tipo de causa que chegou até o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e tentou-se a Suprema Corte – e cá entre nós, sabemos quanto custam os honorários dos advogados que atuam nesta área -, não se gastou pouco não. Para tudo isso um bom advogado cobra algumas centenas de milhares de reais, e o candidato derrotada em 2012 contratou os melhores, diga-se de passagem, além disso, tivemos uma nova eleição onde os gastos novamente não foram poucos e nessa brincadeira muito dinheiro foi jogado fora em pouco tempo, sem falar no desgaste de uma eleição. Mas no final das contas, a Justiça prevaleceu e o Prefeito eleito em 2012 foi reconduzido ao seu cargo de direito, o que era esperado. Este ato impensado pode ter custado não só a credibilidade do opositor, mas o direito de disputar novas eleições, pois os erros cometidos nessa operação podem o tornar inelegível, além disso, teria dado o direito ao Prefeito atual de um novo mandato como forma de compensar o erro cometido pela Justiça Eleitoral na primeira decisão. Seria um castigo muito cruel, pois o mal que desejamos aos outros retorna para nós próprios. Por mais que possamos atrapalhar a vida de alguém com nossos pensamentos e ações, a mancha, os resíduos, a fuligem ficam sempre em nós mesmos. Se tudo tivesse transcorrido normalmente, o atual Prefeito estaria terminando seu mandato sem direito a uma nova candidatura, o opositor disputaria a eleição de 2016, mas essa lógica pode ter sido invertida, por puro capricho de um deles, e o mais irônico, um dos candidatos de 2012 não disputaria a eleição de 2016 e este não seria o atual Prefeito. Despede-me de meu amigo com o interesse de aguardar os desdobramentos das futuras ações e ver o que nos revelam as entrelinhas.



Valdeci Ferreira Junior é professor das Faculdades Mauricio de Nassau, Professor das redes Municipal de Brejo da Madre de Deus e da rede Estadual de Ensino, Acadêmico do Curso de Direito da Unifavip e analista político. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário